terça-feira, 24 de março de 2009

O poema.

Hiato dos dias

Você prefere borboletas
Ou libélulas?
Olhos, ou fontes de água?
Sorrisos que transparecem atrás de risadas
Ou cavernas que se escondem atrás de cachoeiras?
Sei o que prefere: prefere aquele momento dominical
Onde o vazio saudável do mundo
Enche os olhos de calma
E satisfação resignada.
Hiato dos dias,
Clareira intersticial
Onde os sonhos bocejam
E respiram
Relembrando para esquecer.
*
É aí que a vontade, embalsamada
Se reconhece mimada
Deitando sobre sua própria sombra
Para esperar.
É aí que eu beijo sua fronte adormecida
Como quem beija a água
E seu rosto se agita levemente
Em um sorriso de linhas sutis
Ao redor da boca.
Seus grandes olhos fechados
Respondem invisíveis
Como duas barrigas grávidas.
*
Beijo-as também, com delicadeza:
De lá nascem dois universos
Que me encaram, perguntando:
Porque você me acordou?
Mais um beijo firme,
Como a enfática palmada nos recém nascidos
Põe nosso coração em pulso –
E o grito de vida subseqüente emociona nosso amor
Na explosão congelada da íris.
*
Eiliko Flores
*
Nossa, que poema lindo...

Um comentário:

Comentador Fiel disse...

cheguei pra elogiar o poema achando que era seu. =p

V A L E N T I N A.

V A L E N T I N A.